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Relato: Helena

Como você conheceu a causa?

Há 8 anos, durante a gestação, o movimento em minha cidade na época era recente, parto era daquele jeito tradicional, e eu sem conhecer nada, sabia que não era daquele jeito que queria parir. Encontrei uma obstetra parteira, e uma doula, e ai tudo mudou. Tive um parto muito bom, gostei muito de parir, foi realmente satisfatório e a experiência mais louca da minha vida. Eu precisava dizer pra todo mundo que parir é muito bom. O movimento pela humanizaçao do nascimento foi crescendo dentro de mim, assim como o feminismo, e surgiu a oportunidade de se tornar doula alguns anos depois ,e estar ao lado de outras mulheres, auxiliando da gestação ao pós parto.

 

O que é ser doula?

A doula na gestação está ao lado da mulher ou do casal, na preparação para o parto, oferece leitura, auxilia com o plano de parto e dúvidas que surgem. No parto oferece alívios não farmacológicos para a dor, como massagens, aromaterapia, sugestões de posições. É conforto físico e emocional. No pós parto auxilio com a amamentação e os cuidados da puérpera, do bebê e com a maternagem. Cada família é diferente e esse atendimento sempre é individualizado. E cada doula atua de uma maneira, existe doulas que só acompanham o pós parto, por exemplo.

 

Qual o papel do feminismo nessa luta?

Um dos pilares da humanização é o protagonismo da mulher. E quando falamos de parto, de violência obstétrica, estamos falando de violência contra a mulher. Quando a mulher com um, dois, três filhos no colo, se depara com o sistema, isso também é violência contra a mulher.

Todo o machismo e misoginia presente em nossa sociedade, esta presente também no parto, no aborto, na maternidade. Eu gostaria muito de ver o parto e a maternidade mais inclusos dentro dos grupos feministas. É sobre autonomia da mulher. E no parto, para muitas mulheres, pode ser que essa questão da autonomia se amplie, seja apenas o primeiro passo para outras reflexões.

 

Quais as diferenças entre os tipos de parto?

Parto normal hoje é aquele parto hospitalar, cheio de intervenções, onde geralmente o parto é em posição de litotomia e sem autonomia nenhuma. O parto natural é quando não há nenhuma intervenção. Parto humanizado não é um tipo de parto, é a assistência oferecida, onde toda a individualidade da mulher é respeitada, sendo ela a protagonista de seu parto. Isso pode ser com analgesia ou não, na água ou não, com doula ou não, no hospital ou em casa, como a mulher quiser e assim for possível.

 

Qual a importância do protagonismo da mulher durante o parto?

É muito comum ouvirmos  Fulano fez meu parto! Precisamos mudar isso. Quem faz o parto é a mulher, somos nós que parimos. Quem esta ao lado apenas assiste, ou presta assistência se necessário. Médico, parteira, obstetriz, enfermeiras, não fazem o parto, a mulher que esta dando a luz sim. E é tão importante reconhecer isso. Temos direito a informação de qualidade, e a autonomia sob nossos corpos, temos direito de parir com respeito. O parto é nosso, e humanização é nosso direito.

 

Como você se sente ao fazer o papel da doula?

Muito feliz, é um trabalho de alma. Poder acompanhar cada família, ser convidada a entrar na história de cada um, não tem preço… é lindo ver as mulheres renascendo, cada uma do seu jeito. Por vezes o sistema me fez pensar em desistir. Mas o retorno é tão bonito, que me fortalece cada vez mais.

As doulas e

o parto

humanizado

Fernanda Oliveira tem 29 anos e mora em Joinville, Santa Catarina. É mãe de um menino de 7 anos e também doula. Faz parte também da Associação Nacional de Doulas.

- diminuir em 50% as taxas de cesárea;

- diminuir em 20% a duração do trabalho de parto;

- diminuir em 60% os pedidos de anestesia

- diminuir em 40% o uso da oxitocina;

- diminuir em 40% o uso de forceps.

A atuação da 

doula ajuda a:

Patricia Oliveira 

Teve sua primeira filha, Naysha, de parto natural em abril de 2016. A administradora tomou conhecimento sobre violência obstétrica ao ouvir os relatos da própria mãe, que teve dois partos normais dolorosos e passou a acreditar que a cesariana era a alternativa ideal.

Para evitar passar pela mesma situação, ela optou pelo parto humanizado na presença de uma doula.

Fonte: OMS

"Pesquisando e encontrei o vídeo O Renascimento do Parto. Foi o meu primeiro contato com a humanização do parto. Me encantou. Decidi que queria parir assim: amparada e com muito respeito e amor. Em nove meses acontece muita coisa. Encontrei o blog da Cris Doula, li muitos relatos de parto, me emocionei e só tinha mais certeza que era isso que eu queria. Então marquei um encontro com a Cris e foi maravilhoso. Que pessoa linda, tranqüila e iluminada. Tive certeza que a queria ao meu lado. [...]

Eu estava com minhas pernas em cima das do Cássio, que estava atrás de mim e a Cris ao meu lado. Eu estava cansada, comecei a falar que não conseguiria. As contrações vinham cada vez mais fortes. Entre uma contração e outra eu dormia, apagava, já acordava urrando e levantando o corpo, falava que não ia conseguir. A Cris e a Lari me incentivando, acreditando em mim e me dando força. Senti um líquido quente escorrendo pelas pernas: era a bolsa que tinha estourado. Comecei a pedir pra ir para a banheira, porém ainda faltava um pouco pra temperatura certa. Mais uma ou duas contrações e me chamaram para a banheira. Ao levantar percebi que estava exausta. Entrei na banheira e a água estava maravilhosa. As contrações ficaram diferentes e perguntei o que eu deveria fazer. Ouvi a voz da Lari dizendo: faz o que teu corpo pedir. [...]

Então comecei a empurrar. E eu urrava e empurrava. Tinha muita vontade de fazer força. O Cássio estava comigo na banheira. Ouvi a voz da Larissa dizendo que ao invés de gritar que não conseguia eu podia chamar a Clara. E assim fiz. Quando a contração vinha eu gritava: vem filha! E depois apagava. A dor da contração é algo único. Eu jamais sentira algo parecido antes. Era como se estivesse sendo partida ao meio. Mas de uma forma estranha, não como uma dor de doença ou de ferida, mas uma dor de vida. Eu urrava e gritava muito. [...]

A única coisa que importava era o imenso amor e o cuidado gentil que eu recebia enquanto estava sendo livre para ter o meu parto como deveria ser. Comecei sentir a ardência. Acho que era o círculo de fogo. A Lari pediu pra fazer o toque e disse que faltava pouco. Mais duas ou três contrações e saiu a cabeça. Eu não conseguia olhar pois estava com muita dor. Mas pude ouvir o Cássio chorando de emoção e me dizendo que já estava vendo a nossa filha. Senti ela se mexendo e saindo. A Lari a pegou e colocou no meu colo. Eu não podia acreditar, era nosso bebê! Eu tinha conseguido, tinha parido. Ela era tão linda e perfeita."

A participação da doula no parto de Helena Kistner foi essencial para a preparação psicológica da nova mãe e para a chegada de Clara

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